Pesquisas em escala mundial revelam mudanças de florestas tropicais por meio de parcelas de avaliação permanente
O artigo intitulado “Tomando o pulso das florestas tropicais da Terra usando redes de parcelas altamente distribuídas”, traduzido para o português, foi recentemente publicado no renomado jornal internacional Biological Conservation. O conteúdo teve como objetivo dar luz a resultados de estudos, em escala mundial, que têm mudado a ciência das florestas tropicais, por meio de pesquisas de longo prazo que utilizam como base parcelas de avaliação permanente.
Para isso, foram convidados mais de 500 pesquisadores de 54 países integrantes da Rede de Pesquisa Social, ForestPlots.net, que estudam os ciclos de vida e o funcionamento dos ecossistemas, por meio das medições de árvores individuais, em centenas de localidades, utilizando técnicas padronizadas e permitindo que o funcionamento das florestas tropicais seja monitorado e melhor compreendido com o passar os anos. A plataforma inclui dados de mais de 4.5 milhões de medições de árvores, de mais de 15 mil espécies diferentes.
O artigo, de nome original, em inglês, “Taking the pulse of Earth's tropical forests using networks of highly distributed plots”, publicado pelo grupo de pesquisa, traz revelações de florestas tropicais de quatro continentes, América, África, Ásia e Oceania, quetêm absorvido uma quantidade muito grande de carbono anualmente, em torno de 50% dos gases emitidos por diversas fontes poluidoras, funcionando como um poço ativo. No entanto, a taxa de armazenamento tem diminuído gradativamente.
O pesquisador Maurício Lima Dan, do Instituto Capixaba de Pesquisa Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), doutor em Ciências Florestais e mestre em Ecologia e Recursos Naturais, contribuiu para o artigo fornecendo como base de dados os resultados de sua dissertação de mestrado, intitulada “Estrutura e relações florísticas da comunidade arbórea de fragmentos de floresta estacional semidecidual na bacia hidrográfica do Rio São Domingos, São José de Ubá, Rio de Janeiro”, pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), em 2009. Ele desenvolveu uma pesquisa ecológica, utilizando parcelas amostrais em florestas naturais da Mata Atlântica, no noroeste do Estado do Rio de Janeiro, no município de São José de Ubá. Por lá, na área amostral total de um hectare (ha), realizou o levantamento das características naturais, ou fitossociológicas, de 1.140 árvores distribuídas em 198 espécies.
Dan explicou que, com todos os elementos que foram observados durante as avaliações, foi possível obter um “retrato” das florestas naturais daquela região. “A partir disso, é possível, por exemplo, estimar a biomassa de carbono estocada nas árvores, o que pode contribuir para a realização de estudos secundários em ampla escala, já que este tipo de indicador ecológico está diretamente relacionado com o controle climático da Terra, por meio do efeito estufa”, destacou.
Segundo ele, as mudanças climáticas estão refletindo nas florestas em nível mundial, com temperaturas mais altas e maiores períodos de seca, o que leva à morte das árvores de maneira cada vez mais rápida do que a natureza consegue recompor.
Dan lembrou que há décadas esse tipo de monitoramento vem sendo complementado por pesquisadores do mundo todo, em parcelas de longa duração. “Uma mesma floresta natural pode ser observada e reavaliada sucessivamente, em quantidades cada vez maiores de hectares. Sabendo disso, de um ‘retrato’, podemos alcançar um verdadeiro ‘filme’ de nossas árvores”, disse.
Para o pesquisador, os resultados têm implicações diretas na produção agropecuária, uma vez que as mudanças climáticas a afetam negativamente. “A conservação florestal, por sua vez, impacta positivamente a agropecuária, pois florestas saudáveis fornecem serviços benéficos de manutenção da biodiversidade e regulação climática”.
Maurício Dan contou que se sente honrado por ter sido convidado. “Chego à conclusão que ‘cada um de nós importa’. Essa união de esforços é essencial para formularmos políticas públicas e responder aos desafios da pesquisa em ecossistemas tropicais, respeitando a cultura de cada país e a especificidade de cada floresta natural”.
Texto: Tatiana Toniato Caus
Informações à Imprensa:
Assessoria de Comunicação do Incaper
Andreia Ferreira
(27) 3636-9868 / 9865
andreia.santos@incaper.es.gov.br