Seag lança livro com histórias e relatos de mulheres que fazem a agricultura e a pesca capixaba
A Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) lançou, nesta terça-feira (14), o livro “Quem são Elas? Histórias e relatos sobre mulheres que constroem a agricultura e pesca capixaba”. O objetivo da publicação é comunicar experiências vividas por mulheres e suas histórias na agricultura e na pesca capixaba. O evento foi realizado no auditório do Sebrae, em Vitória.
Na ocasião, foram apresentadas as histórias emocionantes de vida dessas mulheres que estão escrevendo novas páginas em suas vidas, incentivando carreiras, potencializando o desenvolvimento humano e reafirmando o protagonismo na profissionalização do agronegócio no Espírito Santo.
O secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli, destacou que o livro é inspirador e motiva mais mulheres a perseguirem seus sonhos com determinação. “A gente vê cada vez mais na prática a força das mulheres no agro e o protagonismo delas no campo. Mulheres que já passaram por muitos desafios, superaram obstáculos e que atualmente moldam seu próprio futuro como protagonistas nas áreas econômicas, sociais, ambientais e políticas, transformando diferentes segmentos e setores do agronegócio capixaba. Vamos continuar apoiando e desenvolvendo políticas públicas que possibilitem o desenvolvimento social e a autonomia econômica das mulheres do campo”, ressaltou Bergoli.
Em análise individual dos dados femininos, segundo o Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2006, o número de estabelecimentos rurais liderados por mulheres no Espírito Santo era de 8.590. Em 2017, passou a ser de 14.661, uma variação de 71%, índice superior à média nacional, que foi de 44%. Já a proporção entre homens e mulheres na gestão das propriedades rurais cresceu 40%.
No Estado, a atuação feminina é mais forte nas atividades de produção das lavouras permanentes, que concentram 57% das mulheres, seguido pela produção da pecuária e criação de animais (24%), produção de lavouras temporárias (9%), horticultura e floricultura (8%) e produção florestal (1%). As mulheres também atuam nas atividades de aquicultura e pesca e na produção de sementes e mudas certificadas.
“Esse livro rende uma justa homenagem às mulheres do campo, que desempenham trabalhos fundamentais para a economia e o desenvolvimento do meio rural. A publicação também salienta o papel determinante da Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) como política pública que tem fortalecido o protagonismo e a liderança das mulheres nas mais diversas áreas e cadeias produtivas, gerando resultados socioeconômicos positivos, a valorização do trabalho feminino e a redução das desigualdades de gênero no campo”, afirmou o diretor-presidente do Incaper, Franco Fiorot.
Segundo a coordenadora de projetos para mulheres da Seag, Patrícia Ferraz, embora tenham grande participação na produção, o trabalho das mulheres tem pouca visibilidade nas estatísticas oficiais. Ela destaca que o livro traz histórias emocionantes de vida e de luta dessas mulheres.
“Quando ouvimos as agricultoras e pescadoras, elas ganham visibilidade. O livro foi uma das formas de trazer essa visibilidade. Nesse sentido, a publicação de um livro com histórias, relatos e experiências de Ater, cujas protagonistas são as mulheres, contribuirá para a valorização do trabalho feminino no campo e atender a uma demanda do nosso público beneficiário e do(a)s técnico(a)s de extensão rural que atuam na área. A obra também veio para celebrar os quatro anos do projeto ‘Elas no campo e na pesca’”, salientou Patrícia Ferraz.
A produtora rural Natiele Sperandio, nascida em Colatina, mais especificamente na zona rural, no Córrego Olho D'água, contou que atua na área da pecuária e se sente feliz em ver a história de vida dela retratada em um livro e inspirando outras tantas mulheres. “É muito especial disseminar a nossa história e fortalecer as mulheres do agro, inspirando tantas mulheres ainda jovens e em busca dos seus sonhos, e dando continuidade ao trabalho desenvolvido lá atrás pelas nossas famílias”, disse.
O livro busca a sistematização e publicização de relatos de histórias de vida e trabalho, histórias da formação de associações e grupos e experiências de Ater, cujas protagonistas são as mulheres. Conta com um total de 19 capítulos, todos construídos a partir da perceptiva dos autores em relação à realidade estudada.
Os autores organizadores da publicação são servidores da Seag, do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), do Instituto de Defesa Agropecuária do Espírito Santo (Idaf), prefeituras municipais e bolsistas dos projetos do Banco de Projetos Seag e Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes). O livro é uma realização do Governo do Estado, por meio da Seag, em parceria com o Incaper e o Ida), com o apoio do Laboratório de Inovação na Gestão (Lab.ges) e da Fapes.
Projeto “Elas no Campo e na Pesca – Empreendedorismo, Liderança e Autonomia”
A Seag realiza importantes investimentos para o desenvolvimento rural e econômico das mulheres do campo. Por meio do projeto “Elas no Campo e na Pesca – Empreendedorismo, Liderança e Autonomia”, desenvolvido pela Seag, em parceria com o Incaper, entre 2019 e 2022, 5.128 mulheres foram atendidas em todo o Estado, com cursos, oficinas, dias de campo, eventos e consultorias.
O projeto tem como objetivo promover a visibilidade, a valorização do trabalho feminino e a autonomia econômica e financeira das mulheres agricultoras e pescadoras capixabas, por meio da assistência técnica, do acesso ao crédito e de políticas públicas.
A Seag criou ainda uma linha específica de financiamento de projetos para grupos de mulheres, dentro do edital do Fundo Social de Apoio à Agricultura Familiar (Funsaf), contemplando quatro grupos em 2021, além de mais seis projetos financiados a partir de outras fontes de recursos da Seag, totalizando mais de R$ 437 mil investidos. Neste ano, outros cinco projetos foram aprovados, sendo um deles para mulheres assentadas. Os investimentos ultrapassam R$ 927 mil. Outros projetos importantes são financiados pela Seag, executados pelo Incaper e operacionalizados pela Fapes, totalizando mais de R$ 2,8 milhões em investimentos.
Conheça os projetos:
- “Elas podem nas criações de abelhas”
O projeto tem como objetivo apoiar e dinamizar o acesso das mulheres nas criações de abelhas-sem-ferrão e africanizadas e suas cadeias produtivas, na região do Rio Doce.
- “Mulheres do Cacau”
O projeto é desenvolvido nos municípios de Linhares, Rio Bananal, Colatina, São Roque do Canaã e Santa Teresa, e busca a igualdade de gênero na produção de cacau, aproximando as mulheres das tecnologias de produção e processamento, garantindo a elas assistência técnica de qualidade.
- Cadernetas agroecológicas
Atende grupos de mulheres nos municípios de Anchieta, Boa Esperança, Itapemirim, Laranja da Terra e São Roque do Canaã e, entre as mulheres envolvidas, estão também pescadoras, indígenas e quilombolas.
- Produção de cultivares de morangueiro em sistema semi-hidropônico
O projeto tem como objetivo recomendar cultivares de morango, por meio de estudos da adaptabilidade e estabilidade no sistema semi-hidropônico, sem agrotóxico, além de fomentar a qualidade, conservação e processamento dos frutos para atender e capacitar as agricultoras de base familiar nos municípios de Colatina, Conceição do Castelo, Domingos Martins, Guaçuí, Santa Maria de Jetibá e Venda Nova do Imigrante.
Fonte: GIA/SEAG, a partir de dados originais do Censo Agropecuário do IBGE (2006 e 2017).
Livro
“Quem são Elas? Histórias e relatos sobre mulheres que constroem a agricultura e pesca capixaba”. Para a concepção do livro, o projeto "Elas no campo e na pesca" ouviu mulheres rurais e da pesca, além de profissionais da área, e identificou que o problema que mais incomoda essas mulheres é o fato de a sociedade e as instituições não reconhecerem a importância do trabalho desempenhado por elas.
O capítulo inicial apresenta a concepção, execução e os resultados de dois anos do projeto “Elas no campo e na pesca: Empreendedorismo, Liderança e Autonomia”. Após o primeiro capítulo, o livro está estruturado de forma a apresentar três seções. A primeira traz histórias de vida e trabalho de agricultoras de forma individual ou familiar, mostrando relatos de trajetórias femininas na agroecologia, na agroindústria, na produção de flores, além de apresentar o universo das jovens influenciadoras rurais e de uma mulher indígena.
A segunda seção apresenta relatos sobre a formação e o trabalho de grupos e associações de mulheres rurais e da pesca, que envolvem atividades relacionadas à agroindústria, produção de café, pesca e artesanato. A última seção apresenta relatos sobre experiências de Ater e de políticas públicas desenvolvidas com as mulheres rurais e da pesca, além dos trabalhos relacionados às políticas de comercialização em assentamentos de reforma agrária, de resgate de cultura alimentar em uma comunidade quilombola e as experiências de organização e formação para as mulheres rurais.
Desta forma, ao longo do livro, os leitores podem conhecer trajetórias de agricultoras, indígenas, quilombolas, assentadas de reforma agrária, pescadoras, marisqueiras, artesãs e profissionais da agroindústria de todo o Estado, que têm muito a compartilhar e ensinar sobre vencer as dificuldades em atividades ligadas ao campo e à pesca.
O livro conta com versões impressa e digital, podendo ser acessado por meio do link.
Informações à Imprensa:
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