Cultivo em Alamedas: nova tecnologia de adubação melhora eficiência produtiva e ambiental

09/12/2020 18h46

O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) desenvolveu a tecnologia Cultivo em Alamedas, um sistema de adubação e fertilização do solo que contribui para a melhoria da produção, redução dos custos e a preservação ambiental. O novo sistema de alta eficiência produtiva e ambiental foi desenvolvido após dez anos de estudos científicos realizados pelos pesquisadores do Incaper Jacimar Luis de Souza e João Batista Silva Araújo. 

A nova técnica de manejo do solo é voltada para produtores que adotam práticas de agroecologia e agricultura orgânica. A pesquisa avaliou a eficiência das alamedas formadas por árvores de Leucena, que eram podadas duas vezes ao ano, tendo sua biomassa triturada na superfície do solo antes de cada plantio comercial. Os estudos foram conduzidos dentro da Unidade de Referência em Agroecologia do Incaper, situada no Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (CPDI) Serrano, em Domingos Martins.   

O novo modo de manejo agroecológico consiste no estabelecimento de faixas de plantas arbustivas ou arbóreas em alamedas que variam de 5 metros a 50 metros de largura. A tecnologia pode ser utilizada também em sistemas tradicionais de cultivo, dependendo das plantas nas faixas e das culturas de interesse comercial. Entre as espécies mais utilizadas para a formação das alamedas destacam-se a Leucena, Gliricídia, Ingá, Guandu e Eritrina.

“Os resultados obtidos foram consistentes, comprovando a alta capacidade das árvores em melhorar as propriedades do solo, reciclar nutrientes e fornecer nitrogênio às culturas. Por consequência, os efeitos sobre a produtividade das culturas também foram expressivos”, explicou Jacimar Luis de Souza.

De acordo com o pesquisador João Araújo, a produção média de milho aumentou 74% em quatro anos, saindo de uma produção de 5.403 kg/ha (quilos por hectare) sem o uso da Leucena, para 9.414 kg/ha, com a incorporação da Leucena ao solo. Já a produtividade média de cabeças de repolho aumentou 45% em sete anos.

“Outro benefício de destaque do uso da tecnologia de cultivo em alamedas é que ela pode reduzir bastante a necessidade de adubos orgânicos gastos no plantio, colaborando na redução do custo de produção das culturas”, completou Araújo.

Tais resultados, bem como as técnicas e instruções de implantação da tecnologia, foram reunidos em uma cartilha disponível gratuitamente na Biblioteca Rui Tendinha. O lançamento da tecnologia ocorreu durante a live de comemoração dos 64 anos do Incaper, que contou com a participação do governador do Espírito Santo, Renato Casagrande. 

“Estamos nos comprometendo em fortalecer cada vez mais o Instituto e a agricultura familiar. O Incaper está sempre inovando e levou o Estado a ser referência em novas tecnologias para as famílias rurais”, disse o governador do Estado.

Além dos pesquisadores do Incaper Jacimar Luis de Souza e João Batista Silva Araújo, os técnicos agrícolas Luiz Henrique Incerti Monteiro e Walter de Oliveira Filho também assinam a publicação. A pesquisa teve o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). 

Conheça as vantagens do Cultivo em Alamedas:

- Aumento dos rendimentos comerciais das culturas;

- Redução de erosão;

- Fixação biológica de carbono e nitrogênio no solo;

- Mobilização de nutrientes no perfil do solo;

- Redução da quantidade de adubos no plantio (redução de custo);

- Manutenção da umidade do solo (redução de irrigação/redução de custo/uso sustentável dos recursos hídricos);

- Melhoria da biologia do solo;

- Efeito de quebra-vento, melhorando o microclima;

- Aumento da biodiversidade, formando uma paisagem mais aprazível;

- Estabelecimento de áreas de refúgio para predadores, melhorando o equilíbrio ecológico;

- Geração adicional de palhada para plantio direto, entre outras.

Texto: Tatiana Toniato Caus e Juliana Esteves 

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