Custo-benefício e sustentabilidade: Incaper recomenda Papel Kraft como alternativa para o controle de plantas daninhas

27/09/2019 14h42 - Atualizado em 27/09/2019 14h46
Incaper recomenda o uso do Papel Kraft no cultivo de alface como alternativa para o controle de plantas daninhas.

Uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) no município de Marechal Floriano, recomenda um tipo de proteção contra as plantas daninhas que podem prejudicar as plantações de alface, de forma econômica e sustentável, a partir do uso de papel Kraft.

O projeto foi idealizado pelo engenheiro agrônomo e pesquisador doutor em fitotecnia e manejo de olerícolas, Luiz Fernando Favarato, do Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Serrano do Incaper. “O papel kraft como alternativa rentável e ambientalmente correta para o uso em sistemas de produção de olerícolas, no intuito de proporcionar o controle satisfatório de plantas daninhas para a cultura da alface”, disse.

Ele explica que a prática de cobertura do solo, mais conhecida como “mulching” é tradicionalmente recomendada no cultivo da alface, pois apresenta múltiplas funções, como evitar perdas excessivas de água, reter a umidade do solo, diminuir o impacto da chuva e a erosão, evitar alterações bruscas da temperatura do solo e reduzir os gastos de mão-de-obra nas capinas.

“O uso do papel kraft como cobertura do solo, aplicado diretamente nos canteiros, pode ser visto como alternativa aos mulching atualmente utilizado na cultura da alface, dado suas qualidades de promover a cobertura do solo de forma imediata, a um custo acessível para o produtor, sem prejuízos com a contaminação do meio ambiente”, observou.

No entanto, o pesquisador lembra que o uso do mulching plástico pode representar algum problema ecológico, uma vez que a composição desse material apresenta-se resistente aos decompositores, acarretando um grande volume de lixo.

Ele explica que o uso do mulching de palha para à cultura da alface representa, de imediato, uma redução de receita para o produtor, devido o tempo necessário para a formação de uma quantidade de palha adequada para cobertura do solo, no mínimo 40 dias - no caso da cultura da alface este tempo representa praticamente um ciclo de cultivo.

O projeto de pesquisa foi aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação no Espírito Santo (Fapes) em 2016 e finalizado em 2018, com a publicação de dois trabalhos completos no XXII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XVIII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação, XII INIC Jr da UNIVAP, VIII INID, intitulados “Uso de papel kraft como alternativa para o controle de plantas daninhas no cultivo da alface” e “Variação térmica e umidade relativa do ar em diferentes cobertura de solo no cultivo da alface”.

Além destes trabalhos, foram publicados um capítulo de livro na Atena Editora, intitulado “Papel kraft: uma alternativa para o controle de plantas daninhas no cultivo da alface” e um artigo científico na Revista científica chamada Revista Brasileira de Agroambiente sob o título “Growth of lettuce cultivars in beds covered with differing materials”.

Multiplicação de conhecimento

Os estudos foram realizados em parceria com a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Victório Bravim, localizada na comunidade Araguaia, na qual dez alunos do curso técnico em Agropecuária foram selecionados como bolsistas de iniciação científica júnior e, juntamente com um monitor e um professor tutor, desenvolveram um trabalho cientifico com intuito de comparar cinco métodos de controle de plantas daninhas (plástico preto, plástico dupla face branco, mulching de palha, papel kraft, capina manual) na cultura da alface.

Antes de colocar em prática todas as recomendações, os alunos puderam participar de aulas teóricas, sob as orientações de pesquisadores do Incaper Rogério Carvalho Guarçoni, Luiz Fernando Favarato e José Mauro de Sousa Balbino e o professor tutor, Frederico Jacob Eutrópio.

Dentre as atividades do projeto, estavam previstas uma fase teórica, na qual os alunos passaram por um treinamento, no qual foram ministradas aulas, referentes ao tema do projeto, e uma fase prática, em que os alunos bolsistas, sob a supervisão do coordenador e do professor tutor, desenvolveram os trabalhos com intuito de avaliar o uso potencial do papel kraft em suprimir o crescimento de plantas daninhas no cultivo da alface, além de avaliar o desempenho produtivo da cultura sobre diferentes coberturas de solo A fase das aulas teóricas iniciou no final de 2016 estendendo-se para o início de 2017,

Foram ministradas aulas referentes ao cultivo da alface, abordando desde sua classificação botânica, produção de mudas, até a colheita e pós colheita. E por este motivo, em 2017 foi instalado o experimento no campo em uma área cedida pelo produto rural Sérgio Lube, próxima a escola, para os alunos desenvolverem os estudos.

De acordo com Favarato, os resultados com as coberturas de solo foram superiores os cultivo convencional, ou seja, sem cobertura. “O uso do papel kraft atingiu 94% de controle satisfatório de plantas daninhas, muito próximo ao observado no plásticos preto e branco com 99% e sem afetar a produtividade da alface a um custo estimado de 0,59 centavos por metro de canteiro, sem a necessidade de capina. Em termos de desempenho da cultura não foi observado diferenças entre os tratamentos com cobertura de solo, como papel kraft, plásticos preto e branco e mulching de palha”, explicou.

O pesquisador salientou que o papel proporciona maior eficiência no uso da água, se comparado aos plásticos, pois é altamente permeável. “Outro fator seria o seu descarte, podendo ser incorporado no solo gerando matéria orgânica. Sua desvantagem está na utilização apenas para um ciclo da cultura, necessitando ser renovado para o ciclo seguinte”.

“Minha experiência como bolsista foi muito proveitosa. Para nós, que vivemos em meio a agricultura, trazer novas técnicas me mostrou que ainda temos muito a evoluir e a incrementar nas lavouras de nossos pais ou conhecidos. O experimento foi bastante satisfatório, alcançando o objetivo proposto e permitiu ainda observarmos que é possível utilizarmos coberturas biodegradáveis, evitando o descarte prejudicial de resíduos provenientes da agricultura no meio ambiente”, reforçou uma das bolsistas do projeto em questão, a técnica em Agropecuária da EEEFM Victório Bravim, Lidiane Mendes.

Acesse mais informações a respeito do “Papel Kraft no Controle de Daninhas ao Alface”, em um vídeo completo no canal do Incaper, no YouTube: https://bit.ly/2kdYyhQ

Texto: Tatiana Caus (Com informações de Luiz Fernando Favarato)

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