Pesquisa do Incaper com parceiros do Brasil e do exterior irá gerar tecnologias inovadoras para plantas de mamão e abacaxi
A integração entre pesquisadores de instituições científicas do país e do exterior – incluindo o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e o Núcleo de Biotecnologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) – resultou na aprovação de um projeto inovador na Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes).
Trata-se do projeto “Bases moleculares biotecnológicas da interação planta-vírus gerando produtos inovadores para a melhoria da resistência e qualidade de frutos de mamão e abacaxi”, cujo coordenador é o pesquisador do Incaper José Aires Ventura.
Segundo José Aires, o projeto tem como objetivo estudar as bases moleculares da interação planta-vírus e gerar tecnologias inovadoras para o desenvolvimento de plantas resistentes a viroses. “Consequentemente, haverá o aumento da produtividade e qualidade de frutos de mamão e abacaxi para o mercado interno e exportação”, falou o pesquisador.
Local de realização das pesquisas
As pesquisas de laboratório e sob condições controladas serão realizadas no Núcleo de Biotecnologia da Ufes, Laboratório de Virologia Vegetal Molecular do Bioagroa na Universidade Federal de Viçosa (UFV), na Unidade de Espectrometria de Massas e Proteômica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no Centro de Investigación Científica de Yucatán (México) e no Laboratório de Fitopatologia do Incaper em Domingos Martins e Fazendas Experimentais do Instituto em Sooretama e Pacotuba em Cachoeiro de Itapemirim.
As validações das pesquisas serão realizadas principalmente no Espírito Santo, com abrangência nos municípios de Linhares, Sooretama, Jaguaré, São Mateus, Pinheiros, Nova Venécia, Aracruz, Marataízes e Presidente Kennedy, com a transferência dos conhecimentos tecnológicos para o setor produtivo relacionados à produção econômica do mamoeiro e do abacaxizeiro.
Resultados esperados
O projeto pretende gerar impactos de ordem econômica, social e ambiental, principalmente na Região Norte e Sul do Estado. “O desenvolvimento de novas cultivares de mamoeiro e abacaxizeiro resistentes à meleira e à murcha, respectivamente, constituirá uma alternativa extremamente importante para superar o dano que esses vírus causam atualmente nessas culturas”, falou José Aires.
Qual a importância?
O agronegócio é um dos principais pilares da economia brasileira, contribuindo com o produto interno bruto (PIB) do País e onde a produção e o consumo de frutas representam parte importante, estando associado à melhoria da saúde da população. O Brasil é o terceiro produtor mundial de frutas, dando lugar apenas à China e Índia, com aproximadamente de 41,5 milhões de toneladas ao ano, cultivadas em área estimada em 2,2 milhões de hectares e gerando cerca de quatro milhões de empregos.
No Espírito Santo, o agronegócio é a principal atividade econômica para 82% dos municípios capixabas e o crescimento do setor no Estado, tem atingindo destaque nacional em diversas culturas agrícolas que demandam mão de obra manual e geram rendas em pequenas áreas.
Entre as frutas da pauta de exportação brasileira, o mamão (Carica papaya L.) ocupa a sexta posição com aproximadamente 5,4% do total de frutas exportadas e 2,4% do que o país produz de mamão. O Brasil é o segundo maior produtor de mamão depois da Índia, com mais de 1,6 milhões de toneladas, produzidas em mais de 32 mil ha, concentrando-se essa produção nos estados do Espírito Santo, Bahia e Rio Grande do Norte.
O País é também o segundo maior produtor mundial de abacaxi, com uma área colhida de 62.481 ha e rendimento de 37,8 t ha-1, sendo uma das frutas mais importantes no Estado do Espírito Santo. A contribuição econômica do abacaxi para o Espírito Santo é expressiva, sendo considerada a quarta espécie de fruteira que mais contribuiu para a geração de renda no Estado. Além disso, é uma atividade absorvedora de mão de obra no meio rural, contribuindo para o mercado de trabalho e para a fixação do homem à terra, fato importante do ponto de vista social.
Dentre os fatores que contribuem para o baixo rendimento destas culturas no País e no ES destacam-se as doenças causadas pelos vírus Papaya ringspot virus (PRSV-P) e Papaya meleira virus (PMeV), no mamoeiro e a murcha do abacaxizeiro (Pineapple mealybug wilt-associated vírus – PMWaV), que isoladamente promovem perdas que podem chegar a 70% da produção.
Recentemente uma nova e promissora tecnologia de edição de DNA, denominada CRISPR (Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats)/Cas9, tem sido desenvolvida e esse sistema permite a edição de DNA sem a necessidade de inserção de um DNA exógeno ao genoma da planta. Dessa forma, o projeto propõe a investigação da interação vírus-planta para a escolha dos genes alvos a serem modificados, e assim, possibilitando o desenvolvimento de novas cultivares com plantas resistentes e com qualidade para o mercado.
Parceiros
No projeto foi proposta a integração entre pesquisadores em instituições científicas no País e no exterior. A parceria estratégica será do Incaper com o Núcleo de Biotecnologia da Ufes, envolvendo o Laboratório de Virologia Vegetal Molecular do Bioagroa na Universidade Federal de Viçosa, a Unidade de Espectrometria de Massas e Proteômica (UEMP) da Universidade Federal do Rio de Janeiro e o Centro de Investigación Científica de Yucatán (CICY), no México, que dispõem de um quadro de pesquisadores altamente qualificados e estão envolvidos na formação de recursos humanos em nível de pós-graduação, com publicações científicas e patentes na área.
A criação de um grupo de excelência dedicado aos estudos relativos à utilização das modernas tecnologias para que possam ser disponibilizadas aos produtores visando à ampliação do mercado interno e externo de abacaxi e mamão. Deve-se ressaltar que a manutenção e a expansão deste grupo de excelência deverão servir de suporte à pesquisa tecnológica diretamente aplicada ao desenvolvimento regional, tendo como ênfase o aumento da qualidade e produtividade das frutas produzidas no ES.
Assim a manutenção e a expansão do grupo de excelência terá, também, entre suas competências a capacitação da mão-de-obra envolvida no setor da fruticultura capixaba, através da realização de dias de campo, seminários de atualização e a promoção de eventos diretamente relacionados ao setor, bem como, contribuir para a inclusão social das famílias de agricultores, melhorando a qualidade de vida no campo e aumento da geração de empregos ao longo da cadeia produtiva da fruticultura, além de contribuir para direcionar as políticas públicas em fruticultura no ES.
Sobre os projetos
Além deste projeto, outros quatro foram aprovados pela FAPES. No “Edital Programa Primeiros Projetos (PPP)”, a pesquisadora Edileuza Aparecida Vital Galeano foi aprovada pelo projeto sob o título “Análise da produtividade agropecuária do Espírito Santo e potencial de crescimento do setor considerando as adversidades agroclimáticas”. O edital em questão tem como objetivo apoiar a fixação de jovens doutores e nucleação de novos grupos de pesquisa, em qualquer área do conhecimento.
No “Edital Universal” também foram aprovados os projetos dos pesquisadores Abraão Carlos Verdin Filho, titulado “Caracterização de diferentes dimensões das estaquinhas de café conilon em recipientes retornáveis”, Alex Fabian Rabelo Teixeira pelo projeto “Avaliação da produção de mel das principais floradas da região do Rio Doce capixaba” e a “Influência da infestação pela Broca-do-Café Hypothenemus hampei (Ferr.) na qualidade higiênicosanitária do café torrado e moído”, da engenheira de alimentos Mariana Barboza Vinha.
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Texto: Luciana Silvestre e José Aires Ventura
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