Resultados Finais do PICJr apresentam desempenho de milhos crioulos

06/12/2019 10h54 - Atualizado em 06/12/2019 11h10

Resultados Finais do PICJr apresenta desempenho de milhos crioulos

As avaliações foram feitas na área experimental da Escola Família Agrícola de Belo Monte, na zona rural do município de Mimoso do Sul.

Em 2019, sete bolsistas do Ensino Médio da Escola Família Agrícola (EFA) de Belo Monte, localizada em Mimoso do Sul, avaliaram o desempenho agronômico de genótipos de milho crioulo com potenciais para serem utilizados na região sul do Espírito Santo e em programas de melhoramento.

Intitulado “Avaliação Morfoagronômica de Genótipos de Milho Crioulo Coletados no Estado do Espírito Santo”, o resultado desse estudo foi compartilhado, nessa terça-feira (03), na Área Experimental do Centro de Ciências Agrárias e Engenharias (CCAE), da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Jerônimo Monteiro.

Os trabalhos foram apresentados pelos bolsistas em forma de pôster e avaliados por consultores ad hoc indicados pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), durante a Mostra dos Resultados Finais dos Projetos de Iniciação Científica Júnior (PICJr), financiado pela Fundação.

Bolsista do PICJr, o aluno da EFA de Belo Monte, Daniel de Carvalho Souza Silva, teve a sua apresentação bastante elogiada pelos professores e pelos colegas. “No início eu estava desmotivado a aceitar participar do projeto, porque eu imaginei que fosse ter poucas técnicas de campo. Com o tempo, me deparei com uma realidade completamente diferente, já que eu não tinha tanto conhecimento na área. Hoje eu tenho a certeza de que essa foi mais uma vitória para o meu futuro e para o meu município. Além de crescer como estudante, nós todos pudemos oferecer uma disponibilidade tecnológica para o campo, com excelentes resultados e que atende aos agricultores familiares”, contou. O aluno estendeu os seus agradecimentos a pesquisadora do Incaper, Sheila Cristina Prucoli Posse e a monitora da EFA local, a professora de zootecnia e química, Camila Alves.

 Tudo começou em 2017, quando o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) iniciou um trabalho de coleta de sementes crioulas de milho em todas as regiões do Estado, tendo adquirido mais de 100 genótipos diferentes que compõem a coleção de sementes da Instituição. “Dessa forma, este projeto tem como objetivo avaliar o comportamento e caracterização de genótipos de milho crioulo resultantes desse processo de resgate do Incaper”, explicou a responsável pelo projeto, a pesquisadora do Instituto, Sheila Cristina Prucoli Posse.

Ela disse ainda que foram avaliadas as características qualitativas e quantitativas dos genótipos e, “a partir dessas avaliações espera-se potencializar o uso desses recursos genéticos, permitindo um maior conhecimento desses genótipos que auxiliarão na identificação de materiais superiores, em produtividade, podendo estes, serem no futuro, indicados para o seu uso pelos agricultores capixabas”, afirmou.

Para isso, foram selecionados 13 genótipos de milho crioulos, pertencentes à coleção do Incaper, e avaliadas as características qualitativas e quantitativas em um experimento implantado na área experimental da Escola Família Agrícola de Belo Monte.

De acordo com Sheila Posse, trata-se de uma cultura que está presente na grande maioria das propriedades conduzidas por agricultores familiares, o que evidencia o seu papel social. Segundo ela, o milho também pode ser utilizado diretamente para consumo humano, como principal fonte de energia e para a produção de carne e leite, já que o cereal é amplamente utilizado como matéria-prima na alimentação animal”, pontuou a pesquisadora.

No primeiro mês de desenvolvimento do projeto, os estudantes bolsistas receberam aulas teóricas a respeito da cultura do milho e a sua importância social e econômica para o Espírito Santo, bem como os seus reflexos no cenário internacional.

 Durante as aulas, eles conheceram todo o processo de condução e produção de uma lavoura de milho, passando pelos métodos de propagação sexuada e de sua polinização cruzada, além da importância na obtenção de novos genótipos, ou até mesmo na interferência de pólens e outras plantas de milho na “contaminação” dos genótipos a serem avaliados no projeto. Além disso, eles receberam noções básicas de melhoramento de plantas.

Futuro

A pesquisadora também lembrou que um dos objetivos do projeto é a inserção desses estudantes na carreira técnico-científica e buscar a inclusão dos alunos de uma escola pública, que já tem seu foco voltado para a agricultura e que está localizada numa região de vulnerabilidade social.

“Esse ambiente de estudos desperta novos potenciais talentos na pesquisa e, consequentemente, promove uma transformação na visão e expectativa de futuro desses jovens. Que eles possam levar os conhecimentos adquiridos para toda a comunidade e sejam exemplos a serem seguidos a todos os seus colegas de escola, valorizando o ensino público estadual e consequentemente contribuindo para o desenvolvimento do Estado”.

Milho Crioulo no Espírito Santo

No Espírito Santo, o milho é cultivado em aproximadamente 40 mil hectares, por mais de 20 mil produtores, especialmente os agricultores familiares. É utilizada principalmente no consumo familiar, na alimentação de aves, suínos, bovinos e no agroturismo. “Por estes motivos é que a escolha da cultivar a ser plantada é fator fundamental para o sucesso da lavoura”, ressaltou Sheila Posse.

No mercado existem dois tipos de cultivares, os híbridos e as variedades melhoradas. Porém, os híbridos são mais indicados para os plantios em ambientes favoráveis e com altas tecnologias, onde as suas sementes são mais caras e não devem ser reutilizadas em sucessivos plantios. 

“As variedades de milho crioulo geralmente apresentam melhor adaptação e têm maior estabilidade de produção em ambientes desfavoráveis. Elas são mais indicadas para os produtores menos tecnificados e possibilita a reutilização das sementes. Por este motivo, são mais recomendadas para a maioria dos produtores de milho do Estado do Espírito Santo”, completou a pesquisadora.

 

Texto: Tatiana Toniato Caus

 

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